Quanto uma empresa deve investir em anúncios e tráfego pago?
- Henrique Saraceni
- 9 de nov.
- 7 min de leitura
Recentemente, um empresário me procurou dizendo que precisava “dar um jeito nos anúncios”.
Ele me contou que o tráfego não estava performando como gostaria, as vendas estavam fracas, e acreditava que o problema poderia ser a agência que cuidava das campanhas.
Até aí, tudo normal. Nada de novo debaixo do sol.
Durante anos, leads assim apareciam toda semana. Muitas vezes eu aceitava o projeto, entregava o que o cliente queria, e na maioria das vezes, sabia que não era o que ele realmente precisava.
O resultado era sempre o mesmo: contratos curtos, trabalhos rasos e nenhum valor gerado.
Com o tempo, percebi que o problema não estava na execução dos anúncios nem na qualidade das campanhas que o pessoal faz, mas sim no planejamento, na estratégia e na mensuração.
Foi aí que comecei a me posicionar diferente.
Antes de vender o serviço, decidi estudar e analisar diligentemente o negócio: esse negócio é rentavél? Vale a pena investir nisso?
Por muito tempo, eu pensava que precisava vender os projetos rápido, não perder tempo. Mas o tempo e a experiência me ensinaram uma lição simples:
Um contrato ruim é pior do que não vender nada.
E nesse processo, resolvi fazer algo diferente: olhar para as maiores referencias do mercado e entender como e quanto grandes empresas da industria, que estão listadas na bolsa de valores, investem em marketing e vendas.
Eu queria uma base sólida, um ponto de referência real, não papo de vendedor e história de coach, mas sim números auditados e publicados oficialmente por profissionais sérios.
O que as empresas consolidadas têm em comum
Toda empresa bem estruturada tem dois documentos que guiam suas decisões: o Demonstrativo de Resultado (DRE) e o Fluxo de Caixa Consolidado.
Eles mostram tudo: quanto entra, quanto sai, onde o dinheiro é aplicado e, principalmente, onde ele retorna.
Essas informações são ouro. São elas que me permitem planejar e medir o impacto do marketing de forma científica.
Porque no fim do dia, o objetivo do meu trabalho é simples: aumentar faturamento e lucro. Esses são os KPIs finais.
E para fazer isso, eu preciso entender o negócio com profundidade — não só o painel do Facebook Ads.
Quando o problema não é o tráfego, é o modelo mental
Quem trabalha com marketing sabe: o cliente que chega pedindo “mais tráfego” quase sempre tem um problema estrutural: posicionamento, precificação, produto ou processo de vendas.
Mas como posso provar isso?
A resposta veio da análise financeira.
O empresário que me procurou tem uma farmácia de manipulação.
Então, fui buscar referências públicas do setor farmacêutico e encontrei uma empresa que, embora não seja idêntica, serve como excelente base de comparação: Hypera Pharma (HYPE3).
Mergulhei nos balanços trimestrais (ITR 3T25) e encontrei um padrão muito claro: as empresas que crescem investem proporcionalmente mais em marketing e vendas, e sabem exatamente onde o dinheiro retorna.
Hypera Pharma: o que podemos aprender
A Hypera Pharma é uma das maiores empresas farmacêuticas do Brasil.
Líder no mercado de medicamentos isentos de prescrição (os famosos OTC), ela é dona de marcas icônicas como Neosaldina, Engov, Benegrip, Epocler, Coristina D, Estomazil, Tamarine e Buscopan.
Seu modelo de negócio é híbrido: fabrica seus próprios produtos, vende para o varejo e investe pesadamente em marketing direto ao consumidor.
Ela opera em um mercado de alta concorrência, sensível a preço e totalmente dependente de credibilidade e marketing eficiente.

No 3º trimestre de 2025, a empresa apresentou os seguintes números:
Receita líquida: R$ 2,2 bilhões
Despesas com vendas e marketing: R$ 602 milhões → o equivalente a 27% da receita total

Dentro desse total:
Marketing: R$ 366 milhões (17% da receita)
Vendas: R$ 236 milhões (10% da receita)
Como foi utilizado o orçamento do marketing:
47,8% em visitas médicas, promoções e outros (7,8% da receita)
32,7% em propaganda e promoção ao consumidor (5,4% da receita)
19,3% em marketing no ponto de venda (3,1% da receita)
Como foi utilizado o orçamento de vendas:
66,1% em despesas comerciais (7% da receita)
30,9% em despesas com frete e logística (3,2% da receita)
2,7% em pesquisa e desenvolvimento (0,2% da receita)
Resumindo:
Para cada R$100.000,00 de receita, a Hypera gastou:
R$7.800 em visitas médicas e promoções
R$5.400,00 em propaganda e promoção ao consumidor (anúncios e tráfego pago por exemplo).
R$3.100,00 em marketing no ponto de venda.
Além disso, a Hypera também gastou com vendas:
R$7.000,00 com despesas comerciais
R$3.200,00 em despesas com frete e logística
R$200 em pesquisa e desenvolvimento.
Trazendo para a realidade do comercio local
Agora, vamos imaginar o cenário para o meu lead onde sua farmácia de manipulação fatura mensalmente R$ 100 mil.
Se aplicássemos a proporção da Hypera, teríamos:
R$ 16.300 em marketing total
R$ 7.800 em visitas médicas, eventos e promoções
R$ 5.400 em propaganda e anúncios (Google, Meta, etc.)
R$ 3.100 em materiais e marketing no ponto de venda
R$ 10.400 em vendas total
R$ 7.000 com despesas comerciais (vendas e atendimento)
R$ 3.200 com despesas de frete e logística (entregas)
R$ 200 em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.
Agora, repare algo importante: menos de 1/3 do investimento em marketing é mídia paga. O restante é relacionamento, posicionamento e presença, o que realmente constrói marca e gera retorno sustentável.
Outro ponto muito interessante que notei, eles gastaram mais com despesas comerciais do que com publicidade, ou seja, não adianta só mandar dinheiro pro tio Zuck se a sua empresa não tem uma boa e estruturada equipe de vendas, um bom processo de atendimento e representantes da sua marca mantendo o relacionamento com cliente.

Empresas que tentam “resolver” o marketing apenas com tráfego pago podem estar colocando o dinheiro no lugar errado, sem nem que a própria operação de vendas esteja estruturada.
O papel do profissional de marketing: transformar anúncios em ativos lucrativos
Se uma empresa fatura R$ 100 mil investindo R$ 5.400 em mídia, eu sei que consigo fazer esse investimento render mais, não porque eu sou “mago de tráfego”, mas porque meu trabalho não se limita ao anúncio.
O anúncio é apenas a ponta do iceberg.
Por trás dele existe uma estrutura completa:
Criação e testes de landing pages;
Desenvolvimento de criativos e narrativas de conversão;
Definição de públicos e segmentações inteligentes;
Escolha de palavras-chave com intenção de compra real;
Otimização contínua de SEO e experiência de página;
Integração entre plataformas, analytics e CRM.
Eu não vendo “anúncios”.
Eu construo sistemas de aquisição rentáveis, com base em dados e testes constantes.
Quanto uma empresa deve investir em anúncios?
Qual a melhor rede para rodar anúncios?
Qual o melhor tipo de campanha para o seu negócio?
É melhor rodar uma campanha direto pro WhatsApp ou mandar o tráfego para uma landing page?
Onde estão as métricas que importam
Enquanto muita gente olha só para o painel do Facebook Ads e do Google Ads, eu olho para o negócio como um todo.
As métricas que realmente importam estão espalhadas por diferentes fontes:
DRE e Fluxo de Caixa: mostram se o marketing está realmente gerando lucro e caixa, não apenas barulho;
Google Analytics e Search Console: revelam o comportamento e a origem dos visitantes;
Google Ads e Meta Business Insights: mostram a eficiência de cada campanha e criativo;
CRM: mostram a taxa de conversão, o ticket médio e a recorrência;
ERP e sistemas de gestão: mostram o impacto do marketing no financeiro.
Essas são as bases do meu trabalho de consultoria.
Porque não adianta fazer anúncio se o caixa não cresce.
O que o empresário precisa entender
Empresas que dominam o mercado têm uma mentalidade diferente: elas veem cada real investido em marketing e vendas como parte da operação e do negócio.
O marketing deixa de ser “gasto” e passa a ser orçamento.
Marketing não é custo.
É engenharia de valor.
Uma ferramenta para multiplicar patrimônio, não apenas gerar vendas.
Empresas bilionárias continuam investindo pesado em marketing porque sabem que crescimento controlado é o melhor investimento possível.
A métrica que separa achismo de resultado: a Taxa de Incrementabilidade
Existe uma métrica que poucas profissionais conhecem, mas que é essencial para avaliar o impacto real do marketing: chama-se Taxa de Incrementabilidade.
Ela mede quanto do faturamento foi realmente gerado pelos anúncios, e não apenas “influenciado” por eles.
Em outras palavras, mostra quanto o seu negócio cresceu por causa das campanhas, e quanto teria vendido mesmo sem elas.
Isso é importante porque, na prática, é muito difícil saber se uma venda aconteceu por causa de um anúncio ou apesar dele. O cliente pode ter visto o produto no Instagram, mas comprado dias depois pelo Google, ou entrado direto no site porque já conhecia a marca.
As plataformas brigam por crédito e cada uma “puxa” a venda para o seu lado.
E é aí que muitos empresários se perdem tentando “configurar tudo perfeitinho”: criam dezenas de UTMs, pixels, tags, automações… achando que vão ter uma visão exata da origem de cada venda.
Mas isso é impossível de manter no longo prazo e, na maioria dos casos, dura menos que uma boa campanha.
A Taxa de Incrementabilidade resolve isso de forma mais pragmática. Ela olha para o crescimento líquido do faturamento durante o período de campanha e compara com o histórico médio da empresa. O que aumentou além da média natural é o que o marketing realmente gerou.
Essa visão é o que separa o tráfego pago amador do marketing estratégico. Porque no fim, o que interessa não é o custo por clique, é o lucro incremental que a campanha deixou no caixa para os investidores.
Quanto uma empresa deve investir em anúncios?
O que aprendi analisando empresas da Bolsa é que as gigantes não fazem marketing por vaidade. Elas fazem porque sabem que o marketing e as vendas são o combustível do negócio e do lucro futuro.
Empresas sólidas têm clareza sobre isso. Elas tratam o marketing como uma alavanca financeira, não como uma despesa.
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